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Imagem: Produção Ilustrativa / Folha Política |
O promotor Rodrigo Merli Antunes, que atua no Tribunal do Júri de Guarulhos, compara o tratamento dado pela mídia à vereadora Marielle Franco e à policial militar Juliane dos Santos. Segundo o promotor, as semelhanças entre as mulheres são irrelevantes para parte da imprensa: "isso tudo não interessa para os 'intelectuais' que dominam os meios de comunicação e a sociedade civil organizada, sendo mais importante para eles a ideologia e a militância da pessoa morta".
Leia abaixo o artigo completo:
Meses atrás, após o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, notei uma enorme comoção por parte da grande mídia, de políticos, artistas, instituições e ONGs de direitos humanos. Não que tenham errado em repercutir a sobredita barbárie, é claro! Entretanto, o que me chama a atenção é que, nos últimos dias, com a morte da policial militar Juliane dos Santos, a preocupação daqueles citados acima não chegou nem perto do que vimos em março passado.
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E olhem que existem semelhanças entre essas duas vítimas, sendo ambas de origem humilde, negras e também homossexuais. Mas, refletindo sobre o assunto, percebi que isso tudo não interessa para os “intelectuais” que dominam os meios de comunicação e a sociedade civil organizada, sendo mais importante para eles a ideologia e a militância da pessoa morta.
Mesmo que o falecido tenha algumas das características dos grupos tidos por marginalizados, é fato que, se não fazia ativismo em prol desses coletivos, fatalmente será esquecido. E, no caso de Juliane, além dela não ter sido uma ativista progressista, teve o azar de ser também policial militar. Pronto! É o que basta para ser achincalhada, mesmo depois de morta.
Alguns jornais chegaram ao cúmulo de insinuarem que ela, antes de morrer, teve o seu primeiro dia de férias com “muita cerveja, pegação e dança”. Como se isso retirasse a responsabilidade dos criminosos, e como se não fossem esses mesmos periódicos aqueles a defenderem, abertamente, a legalização das drogas, o homossexualismo e outras coisas mais.
Hipócritas! É isso que essa gente é! Como dito, Juliane era policial militar e somente por isso é que não está tendo o mesmo tratamento de Marielle. No Brasil, a vida não tem valor intrínseco. Infelizmente, esse valor depende das pautas defendidas pelo morto.
Mas, se muitos não querem homenagear Juliane, eu assim o faço. Não propriamente por suas opções sexuais e eventuais hábitos festivos, mas, justamente, por ter escolhido arriscar a vida em prol de qualquer um. Como dizia Charles Chaplin, atender a quem te chama já é belo. Mas, lutar até mesmo por quem te rejeita, é quase a perfeição. Por isso, eu repito: Juliane, presente!
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Correio do Poder