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Imagem: Produção Ilustrativa / Correio do Poder |
Em um bate-boca no plenário da Câmara na tarde desta quarta-feira (8), quando eram debatidos projetos de segurança pública, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) mandou o deputado Marcelo Delaroli (PR-RJ) calar a boca e o chamou de "imbecil", depois de ser acusado pelo interlocutor de "defender bandido".
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Os parlamentares discutiam um requerimento apresentado pelo PSOL para que um projeto que proíbe condenados por matar agentes de segurança de ter direito à progressão do regime de cumprimento de pena fosse retirado de pauta.
Contrário ao teor da matéria, Valente defendeu um projeto que acaba com o chamado "auto de resistência" – mortes em confrontos com policiais. "Para um país que tem uma das cadeias mais cheias do mundo e não tem socialização de presos, não adianta nada, isso é jogar só para torcida", declarou.
O deputado prosseguiu argumentando que "esse punitivismo só serve à propaganda de muitos que, na verdade, precisam desse discurso". "É aquela velha frase: tem gente que tem medo que o medo acabe", disse Valente.
Ele afirmou ainda que os autos de resistência servem para justificar o preconceito e o "racismo estrutural". "Para se chegar a uma juventude pobre e negra ser julgada pela aparência numa batida policial", completou.
Em tom exaltado, Delaroli usou a palavra para acusar Valente e o PSOL de ir "de encontro a todos os policiais militares do nosso Brasil".
"Chega dar nervoso ver quando um parlamentar do PSOL chega ali [na tribuna] e defende bandido como ele defendeu agora. Dá nervoso porque os policiais militares estão morrendo, estão sendo atacados a todo momento", discursou.
"Segundo eles, tem que esperar primeiro o criminoso atacar para ele poder contra-atacar. Isso tem que dar um basta. O PR vota não a esse absurdo que o deputado do PSOL acabou de falar naquela tribuna", concluiu.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu novamente a palavra a Valente. "Ou a gente faz um debate sério, um debate ponderado, com argumentos...", começou o deputado.
"Agora um deputado da bancada da bala vir dizer que o PSOL defende bandidos é uma desqualificação do próprio parlamentar. É que eles precisam falar para o público deles. Isso aí só leva a uma espiral de violência", afirmou Valente.
Nesse momento, Delaroli interrompeu e falou em outro microfone que Valente "defende bandido, sim". Os dois passaram a discutir veementemente e o deputado do PSOL cobrou que o do PR não viesse agredir o seu partido.
"Eu não lhe dou moral para isso. Cala a boca, porra, cala essa boca", gritou Valente. "Não estou faltando com respeito ao senhor não, deputado", respondeu Delaroli. Nesse momento, foi possível ouvir que o parlamentar do PSOL continuava a falar: "Cala a boca, imbecil".
O deputado do PR apontou o dedo para Valente e foi contido por outros parlamentares que se posicionaram entre os dois.
Maia então interveio, desligando os microfones do plenário e pedindo calma e paciência a todos. Em seguida, determinou que as expressões ofensivas trocadas pelos dois fossem retiradas dos registros da Casa.
Após a discussão, o líder do PR, deputado José Rocha (BA), fez um apelo a Valente e a todos os parlamentares por "um comportamento de civilidade".
"Não fica bem para nenhum de nós, e muito menos para o deputado Ivan Valente, que tem uma liderança e uma formação de educação privilegiada, que palavrões sejam proferidos aqui na Casa", declarou.
O deputado do PSOL respondeu dizendo não ter falado nenhum palavrão e que há muitos anos faz debate em alto nível na Câmara.
"Ninguém pode vir aqui dizer que o PSOL defende bandido. Isso é uma agressão. É jogar, inclusive, o partido contra as corporações policiais e contra a opinião pública. É desonesto politicamente [...] É muito mais grave que um xingamento que nós não fizemos", afirmou Valente.
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Gustavo Maia
UOL
Editado por Política na Rede
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